AMIGOS de ANDRÉ MUSTAFÁ

terça-feira, 2 de agosto de 2011

PROGRAMA VOCACIONAL

Em 2011, o Programa Vocacional tem como objetivo a instauração de processos criativos emancipatórios por meio de práticas artístico-pedagógicas, tendo como parâmetros definidores dos mesmos os princípios do Programa Vocacional.



Nesse contexto, emancipação é produção de processos de subjetivação. Consideramos como subjetividade o conjunto das condições nas quais indivíduos e/ou coletivos estejam em posição de emergir como território existencial, capazes de estabelecer relações de alteridade, abrindo a possibilidade de serem sujeitos de seus próprios atos e processos. Ao se criar um ambiente propício ao processo criativo, possibilita-se a construção de novas subjetividades.



Para tanto, as práticas artístico-pedagógicas buscam a apropriação dos meios e dos modos de produção ao instaurar novas formas de convivência coletivas, territórios de aprendizado e de transformação mútuas, conjugando a realização de processos artísticos em diálogo com os princípios do Programa.


Entendemos por coletivização dos meios e dos modos de produção a realização de um processo criativo em que todos os envolvidos tenham participação ativa e consciente nas práticas, conceitos, procedimentos e escolhas relacionadas ao discurso poético produzido coletivamente. O modo de produção está ligado à maneira como o grupo se organiza no seu processo criativo, não havendo maneira correta ou incorreta de se organizar. Os meios de produção constituem o conjunto de ferramentas, técnicas ou habilidades, condições concretas e todas as relações que se estabelecem entre os diversos participantes na construção de um objeto específico.



Portanto, prática artístico-pedagógica envolve a criação, de mundos externos e internos, a produção de novas subjetividades, instaurando novas formas de convivência, de aprendizado e de transformação mútuas. A emancipação não é um bem a ser entregue aos artistas-vocacionados, mas sim um devir em criação sem fim, instaurado a partir de práticas criativas comuns.


A ação cultural



Ações capazes de interromper, de desviar o fluxo cotidiano dos hábitos e valores aprisionados pela indústria cultural, possibilitando a expressão de subjetividades dissonantes. Instauração de processos criativos em arte que abracem as contradições e conflitos do debate público, impulsionando a produção de novas subjetividades e construções de sentidos, em processos capazes de constelar novas possibilidades de ser e estar no mundo.





As relações entre forma e conteúdo



Investigar as relações entre forma e conteúdo significa investigar a própria construção artística, experimentando e refletindo sobre a tensão entre o que se é e o que se observa através do mundo. Envolve a conscientização das escolhas geradas ao longo dos processos de criação, na construção de linguagens e sentidos que buscam responder inquietações. É colocar duas questões: o que o artista vocacionado quer dizer para o mundo? A forma escolhida para materializar este discurso poético é sua expressão?



O registro e a memória dos processos



Construir a memória de um processo, por meio de registros constantes em suportes e maneiras diversas, implica em encontrar possibilidades narrativas que tornem o processo criativo coletivamente consciente, por meio do confronto e apreciação ativa de materializações possíveis que refletem instantes da experiência ao longo do processo.




Ao despertar sua capacidade poética de rememoração, os processos criativos podem refletir, aprofundar e rever as práticas vividas.


Apreciação / Contemplação



Assim como organizar desenhos no céu a partir da combinação de estrelas, a apreciação/contemplação é um exercício ativo de imaginação e reflexão sobre a obra que se cria. Tal exercício exigiria assim a transformação do espectador de consumidor a consumador da obra artística. É o artista vocacionado que testemunha o seu próprio processo de criação, que contempla materiais artísticos em devir, que estão surgindo na medida em que o processo artístico - provocado pelo artista-orientador como mestre ignorante - se desdobra.

 


Enfatizamos nessa “flexibilização consciente” a atitude do artista orientador como um pesquisador da linguagem e da pedagogia artística, uma maior autonomia das equipes e fortaleceremos o interesse em abrir o dialogo entre os projetos do Programa Vocacional.
 


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