AMIGOS de ANDRÉ MUSTAFÁ

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

II Festival Cultural da FEAC



DE ONDE ELES VIERAM?
Campinas nos agracia com um espetáculo vivo!!!



O casamento deu muito certo. O público no dia 23 de novembro, foi muito bem guiado e guiou os atores mirins no II Festival Cultural da FEAC - Federação das Entidades Assistenciais de Campinas. O Evento foi no Teatro do Shopping Iguatemi, área nobre de Campinas e reuniu diversas entidades assistências da Cidade e principalmente as famílias. Sim!!!! No horário nobre das 20:00 horas o teatro lotou de familiares que como no rito do teatro se prepararam desde suas casas para ver seus filhos, sobrinhos e parentes em cena. Em cena!!!! Vieram de longe, deixando o cansaço de lado e a comodidade das televisões para apostar nos resultados que a arte promove em suas vidas. E promoveu nitidamente.




O Espetáculo Flicts é uma adaptação do livro infantil ilustrado do escritor, desenhista e cartunista Ziraldo. Conta a história de uma cor “diferente”, que não consegue se encaixar no arco-íris, nas bandeiras e em lugar nenhum, e que ninguém, a princípio, reconhece seu merecido valor. Ao longo do espetáculo, Flicts vai se conformando que “não tinha a força do Vermelho, não tinha a imensidão do Amarelo, nem a paz que tem o Azul”. Contudo, o texto de Ziraldo presenteou o público uma fantástica mensagem de caráter e respeito, dando a entender que todas as pessoas por mais diferentes que sejam, possuem seu lugar no mundo.



A primeira boa impressão que tive, foi quando cheguei na porta do teatro: Muita gente bonita, de todas as idades, ainda esperando para adentrar no espaço lúdico, com ansiedade e expectativa. A FEAC fez milagre para acomodar tanta gente e acredito que ninguém ficou do lado de fora... Mas enfim os que se acomodaram foram presenteados com um espetáculo ímpar.

O Terceiro sinal do teatro não veio, o que entrou em cena, lá próximo do publico, em um proscênio intimo, sem barreiras, foi uma mestre de cerimônia, uma brincante, que trouxe concentração de cena com o seu carisma e brilho contando um conto e aumentando um ponto. Sem muitas firulas com linguagem que todos silenciaram as mentes e abriram os corações. Silencio, vai começar o espetáculo!!!
!



Pontos fortes do espetáculo foi a musica que em muitos momentos tocada ao vivo pelas crianças e adolescentes deram um show a parte. Eles entremeavam instrumentos tradicionais como repiques, timbais, pandeiros, surdos, guitarra, flautas, derbakes, carrons e contra-baixo. Mesclando com a execução de uma percussão contemporânea em vasilhames, baldes e latas tendo influencia direta de grupos como o InglêsStomp. Apreciar crianças de 8 à 10 anos tocarem no ritmo foi o máximo: e olhem que estou falando de mais de quarenta crianças juntos ritmadas e se ouvindo. Coisa que muito adulto não desenvolveu essa capacidade de se ouvir... de se olhar. Foi um alimento pra alma. 

Sobre os figurinos e maquiagens fluía com leveza entre os corpos. Tudo parecia confortável para nossos jovens atores e atrizes que com dinâmica no espaço, equilibrando as entras e saídas de cena sem deixar o chamado “furo”, “vazio” entre uma cena e outra. Lindo mesmo!!! Meninos e meninas, crendo em suas falas, suas personagens, criando climas e espacialidades; sem o auxilio de marcações no chão com fita crepes ou fitas luminosas. Não sentíamos falta de um cenário. A dinâmica da movimentação criou muita luz e cor que tudo coloriu e matizava de guache.



Destaque para o trabalho de falas em uníssonos, que diga-se de passagem muito trabalhoso e que com certeza absoluta solicitou da equipe técnica e diretores de cena muitos ensaios. Não é fácil. Mas funcionou muito bem e aquelas crianças mais tímidas foram se ampliando e gostando de pisar no palco. O que de fato provocou nas crianças em cena? Nunca saberemos. O que essas crianças levam de bagagem para a vida que outras tantas não conseguiram perder o medo e zilhões de barreiras e subir no palco? auto-estima? Coragem!? Trabalho em equipe? Desejos e mais desejos... nunca saberemos. Mas uma coisa é certa. Foi despertado algo muito positivo.

Os pontos a melhorar, para não dizer que não tiveram, foi a luz caçando o menino em cena. A meninada deu um nó nos técnicos de luz. Alguns momentos deixavam a galerinha no escuro. Mas isso não retirou o brilho e luminosidade do todo. Em alguns momentos a luz não valorizava a encenação ou mudava bruscamente as intenções: o iluminador estava perdidinho e não ajudava os milhões de pais fotógrafos amadores com seus celulares que deixaram os cliques acabarem suas baterias a procura do melhor angulo. E alguns momentos bem pontuais a voz não se ouvia, mas não por falta de projeção dos pequenos artistas, mas pela comoção dos aplausos do publico que vibrava a cada momento com o time de cada piada ou fala embargada dos pequenos interpretes.



Editado no mesmo ano em que o homem foi à Lua pela primeira vez, Flicts é uma daquelas obras que resistem ao tempo, tal como a viagem de Neil Armstrong, que confirmou: “a lua é Flicts”. Flicts também encontra seu lugar: a Lua e nós, a platéia, nos unimos a Flicts em um sonho lunar.

(André Mustafá, diretor teatral e arte educador / atualmente presta serviços ao Instituto Padre Haroldo). E-mail: andreerenatta@gmail.com (zap 19.98185-7071)



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